O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), projeta que, em dezembro o pagamento do 13º salário, onde os trabalhadores irão receber a primeira parcela nesta sexta-feira, dia 30, deve injetar na economia brasileira mais de R$ 211,2 bilhões.
Com a chegada dessa esperada remuneração às contas bancárias, muitos brasileiros enxergam no dinheiro extra uma oportunidade para renegociar o que devem. Mas, para o economista e presidente da Ordem dos Economistas do Estado de Santa Catarina (Oesc), Richard Guinzani, esses brasileiros são poucos. “Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e do SPC Brasil, somente 17% dos trabalhadores pretendem usar a remuneração para pagar dívidas em atraso. Se compararmos tínhamos em setembro, 62,4 milhões de brasileiros inadimplentes, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas. O equivalente a 40% da população adulta acima de 18 anos. Ou seja, uma grande parte da população está inadimplente”, destaca.
Nesta perspectiva, até o final de 2018, cerca de 84,5 milhões de brasileiros receberão o décimo terceiro, segundo o Dieese. “Acreditamos que o momento é propício tanto para as empresas quanto para quem quer renegociar as dívidas. Uma vez que os credores estão propensos à negociação para que seu nome esteja limpo a tempo de conseguir fazer compras. Por outro lado, com o décimo terceiro na mão, a pessoa tem uma chance de ter um valor inicial maior para poder negociar”, considera.
Para saber como administrar o décimo terceiro sem ceder a impulsos de compra ou tomar decisões financeiras equivocadas, o economista Richard Guinzani irá mostrar algumas dicas de como melhor utilizar.
Para quem está endividado
Você deve saber exatamente o valor devido, esse é o primeiro passo para renegociar uma dívida, mesmo assim tem muita gente que não sabe quanto deve. Para isso, é preciso procurar o credor e pedir a discriminação da dívida por escrito. Caso o devedor não conheça o suficiente de matemática financeira para refazer as contas, recomendamos buscar ajuda de especialistas, como consultores e planejadores financeiros ou, até mesmo, de órgãos públicos como o Procon.
Depois de fazer as contas certas, o próximo passo é analisar e definir o quanto o devedor pode pagar. Essa estratégia é válida não somente para ajudar a definir um valor para a negociação, mas também para que a pessoa que vai renegociar consiga quitar as dívidas e não acabe contraindo mais despesas.
Pequeno Guia para pagar as dívidas
– Pague primeiro as dívidas mais caras. As dívidas que envolvem grandes quantias também cobram mais juros, quanto antes o consumidor abatê-las, menos dinheiro vai gastar;
– Atenção para as dívidas do cartão de crédito, ainda que não sejam o maior montante, os juros costumam ser os mais altos e, portanto, as dívidas se tornam mais caras;
– Não deixe de amortizar dívidas altas porque o valor do décimo terceiro não é suficiente para abatê-las. Dificilmente algum investimento vai render acima dos juros desse débito;
– Use o décimo terceiro como instrumento de negociação. Não aceite qualquer proposta, invista em tempo para encontrar condições melhores;
– Cuidado com a antecipação de parcelas de financiamentos, ou mesmo de aluguéis, essas negociações só compensam se o credor diminuir consideravelmente os juros. Nesse caso, é preciso fazer contas e não se deixar levar pela ansiedade de se livrar do compromisso das parcelas;
– Se o décimo terceiro for a sua única reserva, às vezes é melhor guardá-lo para emergências em vez de pagar uma parcela antecipada.
Vamos dar dicas também para quem não está com dívidas
Para quem quer guardar dinheiro
– Dinheiro reservado para emergências podem ser investidos com liquidez diária, do tipo que o investidor pode reaver seu dinheiro em até um dia;
– Mesmo em uma situação de desemprego, uma liquidez de 30 dias é suficiente para resgatar investimentos. A dica aqui é ter a quantia de até três a seis meses de seus custos guardados em títulos desse tipo;
– Diversifique seus investimentos sempre que possível. Em razão do valor recebido no décimo terceiro, muitas vezes não é possível fugir do Tesouro Direto, mas vale lembrar que algumas corretoras reduziram os aportes para alguns investimentos no mês de novembro.
Para quem quer assumir riscos maiores
– Não comece com grandes quantias. Para se adaptar, é preciso se educar com valores menores;
–Entenda que o tempo e a paciência são fundamentais para conseguir bons resultados, e não se desespere com as primeiras perdas;
– Fundos multimercados (categoria de fundo de investimento que tem uma política de investimentos determinada a mesclar aplicações de vários mercados, como renda fixa, ações, câmbio, entre outros) são a primeira indicação dos especialistas, eles envolvem riscos moderados e não exigem alto conhecimento no mercado;
– Fundos de ações são um segundo passo. Antes de se arriscar sozinho no mercado de ações, essa pode ser uma oportunidade para aprender mais. Lembrando que se o investidor não tiver conhecimento ou tempo, os planejadores indicam seguir nos fundos.