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Semana da Consciência Negra da Unesc aborda políticas antirracistas

Debates sobre racismo, injúria racial, violência, juventude negra, educação e afroempreendedorimo, lançamento de livro e apresentações culturais fazem parte da programação da 6ª Semana da Consciência Negra da Unesc, que iniciou na segunda-feira (19). Em 2018, o evento tem como tema “Re – existir, Epistemologias, Lutas: As políticas antirracistas nas Leis 10.639/03 e 11.645/08”. O evento celebra o Dia da Consciência Negra, ontem dia 20, trazendo abordando questões como representatividade, preconceito e desigualdade no ano em que a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil, completa 130 anos.

A abertura do evento contou com a participação do Coral Unesc e ocorreu nesta segunda-feira com uma roda de conversa sobre as Leis 10.639/03 e 11. 645/08 com as professoras Maria Estela Costa da Silva, Livia da Silva e Lucy Cristina Ostetto. A primeira Lei, afirma que “nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira”. Já a segunda, tem o mesmo caráter, porém inclui o ensino sobre questões indígenas.

Segundo Lucy, o Brasil vem sendo construído estruturalmente em cima de um discurso e prática racistas. “O povo negro ainda hoje vive, resiste, luta e constrói este país. Ele nos tem ensinado constantemente que a vida se faz por meio da luta. Uma luta sobretudo por existir e resistir. E por que o racismo que existe desde a escravidão ainda não foi tratado como se deve, se sabemos da importância de se construir uma sociedade com um projeto diferenciado e inclusivo?”, reflete a professora da Unesc

Já a professora Maria Estela salienta que a maneira como a lei 10.639/03 está sendo aplicada na escola e nas instituições de ensino superior precisa ser debatida. “Como estão sendo preparados os novos profissionais para pensar em trabalhar essas questões na sala da aula? Nenhum educador ensina o que não aprendeu. Por isso a importância de pensar onde essas questões estão incluídas no ensino superior”, ressalta Maria Estela. “É preciso falar sobre a participação dos negros e indígenas e desconstruir o que tínhamos. Não é mais possível estarmos perpetuando os velhos ensinamentos. Mas essa reconstrução precisa passar pelo coração. E é difícil mexer com valores e sentimentos que fazem parte da nossa formação e educação”, complementa.

A professora Lívia trouxe para a roda de conversa dados de um diagnóstico realizado em unidades de ensino da rede municipal que direcionou para a escola alguns questionamentos com base no espaço físico, relações entre as pessoas e ambiente escolar. “O espaço nunca é neutro. Ele também expressa ideologias, valores”, comenta. Segundo ela, ainda não há um instrumento para avaliar os resultados dos mais de dez anos de lei e por isso, é necessário que se encontre formas de criar instrumentos para que isso seja feito. “Não estamos falando em uma nova postura frente a esse currículo que já está estabelecido, mas como ele está sendo tratado na nossa rede de ensino e discutida essa educação para a diversidade étnico-racial”.

Programação

A programação da Semana da Consciência Negra da Unesc segue até a próxima terça-feira, 27  e na manhã de ontem, 20, promoveu um encontro entre profissionais do Direito e da Educação com alunos do Colégio Unesc, com o tema “Racismo x Injúria Racial e Violência x Juventude Negra”. O debate teve a participação do advogado Remerson Luiz Vicência, da bacharel em Direito Arizá Costa e da professora Cíntia Santos.

Ainda na terça-feira, o evento realiza oficinas de Hip-Hop com o grupo Hip Hop Ponto Crucial, e de Capoeira, com o grupo Capoeira Beribazu, na quadra poliesportiva da Universidade.

A Semana da Consciência Negra da Universidade é organizada pelo Neab (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, Indígenas e de Minorias) em parceria com a Secretaria de Diversidades e Políticas de Ações Afirmativas da Unesc, do Setor de Arte e Cultura, do Compirc (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Criciúma), do Coletivo Chega de Racismo, do Pemeder (Programa Municipal para Educação Étnico- Racial) e do Munmvi (Organização Não Governamental de Mulheres Negras Professora Maura Martins Vicência).

Dia da Consciência Negra

O 20 de novembro remete ao ano 1695 e faz referência ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, importante personagem na história brasileira e que foi símbolo de luta e resistência contra a escravidão no Brasil.

Programação da Semana da Consciência Negra da Unesc

https://www.even3.com.br/6semanadaconciencianegra

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