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“O que está ocorrendo hoje é resultado de decisões passadas; uma hora vem a conta”, considera economista

Para o economista, Richard Guinzani, a economia é um organismo vivo, segundo ele, porque vivemos em torno de decisões individuais e coletivas. “Como decisão individual fazemos de forma privada (nossas vidas) pelas coisas que queremos comprar, investir, planejar e até poupar. E como decisão coletiva é feito de forma governamental; onde nossos impostos servem para manter nosso “status quo, “ ou seja, o estado das coisas”, considera.

Ainda na faculdade aprendia que em economia não existe “almoço grátis” sempre para toda ação de política econômica existe um reflexo ou desdobramento na economia; na cadeia produtiva; em cascata até o consumidor e/ou pagador de imposto.

O que ocorre é que um setor (caminhoneiros) tem excesso de oferta. Atualmente tem mais gente disposta a oferecer o serviço de frete do que gente disposta a pagar. Isso é fruto da política do Governo Dilma de subsidiar a compra de caminhões. Essa ação perdurou nos anos de crescimento artificial. Quando a realidade bateu, descobrimos que não havia tanta carga para ser transportada. E com isso o preço do frete foi para baixo.

Como está faltando petróleo no mundo, o preço dos combustíveis aumentou ao redor do globo, inclusive no Brasil. Um clássico da oferta e demanda. Em um mercado sem distorções, o preço do transporte subiria. Entretanto, o excesso de oferta fez as transportadoras e autônomos canibalizarem suas margens de lucro. Antes pequenas, agora mínimas.

Economista Richard Guinzani

Momento para o setor se reorganizar

Em tese, este é o momento para o setor se reorganizar e a super oferta ser eliminada. É triste, gera um custo social muito oneroso, falaremos mais adiante, mas é importante para aprendermos que com economia não se brinca. Quem surfou e ganhou dinheiro com a economia artificial, vai perder. A conta sempre tem que fechar. Poderíamos reduzir o peso do reajuste diminuindo impostos e liberalizando o setor de petróleo. São pautas que exigem um grande enfrentamento político. A carga tributária deve acompanhar as despesas governamentais. Alguém realmente está a fim de fazer reformas para reduzir gastos? Vocês viram de onde serão os cortes. Como estamos no Brasil, óbvio, as coisas podem ser diferentes. Em vez de absorver o impacto, o setor entrou em greve; chantageou o país inteiro em nome de uma pauta corporativista. Impuseram o preço mínimo para o frete. Conseguiram cotas para que os seus serviços sempre fossem contratados. Arranjaram subsídios para os seus insumos. Isso tudo para ser pago por eu e você. Apenas para este ano, a conta já está na casa das dezenas de bilhões de reais. Fora o custo político e a mensagem de porteira aberta.

Agora vem a conta

Eu afirmo que agora vem a conta. Não será barata; em todas as esferas ocorreram desdobramentos da greve e com isso também vem aumento de preços. Mas o que devemos esperar? Não sou apocalíptico, mas posso afirmar que:

1- A indústria ainda vai digerir esse período de paralisação e com a retomada, novo viés de preço será pensada; digo porque já trabalhavam abaixo da capacidade devido à recessão e agora tendo que aumentar seu preço pode não conseguir vender. Nao tem escolha preço vai subir.

2- Os produtores rurais que tem sua base na agricultura tirando o que perderam na estrada com a paralisação; sua renda esta na terra e conseguem em menor tempo retornar suas atividades e os preços iniciarão alta, mas com tendência de baixar ao nível do dia 21/05.

3 Produtores de alimentos como leite e derivados; carnes e insumos para o setor. Esses estarão mais suscetíveis aos desdobramentos da crise. O leite vai aumentar acima da inflação e seus derivados também. Com relação as carnes, a maioria dos itens também serão reajustados mas em menor escala em relação ao leite e derivados.

4- Combustíveis, fora o diesel, já estão sendo vendidos acima do preço oferecido antes da paralisação do dia 21, e as pessoas já estão testemunhando isso, que já houve um aumento substancial.

5- O comércio ainda está tentando entender isso e assimilar, nesses dias irão monitorar/aguardar o comportamento do consumidor; a princípio manterá suas margens sem aumentos neste período.

6- Mudança na Petrobras. Pedro parente vinha sendo criticado pela conduta na empresa. Mas na verdade estava fazendo o que deveria ser feito, frente à constantes sangrias e decisões equivocadas que endividaram a empresa na gestão passada. O que devemos tem em mente que o que está ocorrendo hoje é resultado de decisões passadas; uma hora vem a conta!

A greve foi ruim para todos; inclusive para os caminhoneiros, não existe nada de novo ou revolucionário nisso. É o mesmo Brasil de sempre. Você tem um problema privado? Procura o estado e manda ele passar a conta para o resto da população. É a mesma velha política associado ao apoio explícito e entusiasmado da população.

Temos que mudar nossa cultura, estamos em um sistema vicioso, trocando o presidente não muda nada se não enfrentarmos o que suga nossa energia e dinheiro, tem que diminuir o tamanho Estado urgentemente para conseguirmos cuidar melhor do contribuinte “Não existe essa coisa de dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos’ Margaret Thatcher.

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