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[EDITORIAL] Quando uma foto choca mais que a gravidade do fato

Quando decidimos publicar a foto (Click aqui para ver)  de Julia Le Educ AP, que mostra pai e filha sem vida, a beira do Rio Grande, na divisa entre México e USA, nosso objetivo era, e continua sendo, via impacto da imagem destacar o desespero de imigrantes. De pessoas que buscam uma vida melhor para suas famílias. Das divisas e das diferenças entre países, povos e, daqui, buscar sensibilizar as pessoas para um mundo cheio de “indiferenças”.

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Mas a foto trouxe um sentido disperso, muito mais de choque pelo olhar do que de indignação pela dor. A grande maioria dos comentários no facebook do Portal Litoral Sul, condenou a publicação ao dizer que a foto não deveria estar ali, que deveríamos ter evitado a publicação, que aquilo era desnecessário e por aí em diante. Queremos dizer que respeitamos todos, mas precisávamos nos manifestar por que da foto estar ali.

Então, este editorial, surge para destacar uma frase do médico psiquiatra e pesquisador Augusto Cury: “ A sociedade está adoecendo rápido, de forma coletiva e não está se apercebendo”. Neste caso, a imagem foi necessária para destacar a gravidade do fato.  Estamos perdendo o senso crítico do fato e discutindo a invasão e a dor da família. Mas o ato foi de desespero. Óscar e Valéria Martínez imortalizam com esta tragédia, a esperança de algo melhor, que custou suas vidas e mostrou ao mundo as diferenças e as condições precárias de milhares e milhares de imigrantes.

Diante disso, acreditamos que esta foto fica registrada nos altos da história mundial, assim como outras que o Portal Litoral Sul pesquisou para destacar: se na época os jornalistas e fotógrafos tivessem ouvidos, os que preferem não ver para não crer, jamais ficaríamos sabendo.

As fotos a seguir machucam tanto quando a morte de Óscar e Valéria, mas precisaram ser publicadas para marcar época, via dor, indignação e chocaram o mundo.

E se… Don McCullin não tivesse publicado a foto, pensando em preservar a imagem das crianças, jamais teríamos condições de visualizar a fome devastadora causada pela Guerra do Biafra, na Nigéria.

 

E se … o fotógrafo Nick UT não publicasse a foto de Kim Phuc, menina que após a explosão durante uma manifestação corre desesperada, tirando sua roupa que pegava fogo na Guerra do Vietnã?

 

E se… o fotógrafo Eddie Adams achasse a imagem muito forte e não divulgasse o momento em que Viet CongNguyen era assassinado pelo general sul-vietnamita acusando-o de comunista?

 

 

E se… a fotógrafa Aulan Kurdi não tivesse coragem de publicar  a imagem do menino sírio Aylan Kurdi, que morreu afogado na Turquia. Nunca saberíamos da grande crise migratória na Europa.

 

E a mais chocante de todas e que fez o próprio fotógrafo se suicidar alguns meses depois da publicação.

E se…o fotógrafo Kevin Carter não tivesse mostrado ao mundo uma criança sudanesa agonizando de fome enquanto um Urubu a aguardava morrer, a Nações Unidas não teriam encaminhado ajuda urgente aos refugiados no Sudão.

Portanto, resolvermos publicar a foto para mostrar a angústia de pessoas querendo atravessar o México. Experiência esta, que muitos criciumenses e moradores do sul de Santa Catarina tiveram, num passado não muito distante.

 

 

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